Jovem é levada ao SIG por ofensas contra delegada nas redes sociais

Dourados Agora/Flávio Verão


momento em que jovem chegada à delegacia em Dourados - Reprodução/Folha de Dourados

Uma jovem de 18 anos, moradora do bairro Canaã III, foi conduzida nesta terça-feira (7) à sede do Setor de Investigações Gerais (SIG) da Polícia Civil de Dourados. Ela é suspeita de ter feito comentários ofensivos contra a delegada Thays Bessa, em publicações nas redes sociais.

De acordo com as investigações, a jovem teria participado de interações que continham expressões depreciativas, como o termo “noiada', usadas para atacar a autoridade policial. A partir da análise das postagens e curtidas, a equipe comandada pelo delegado Lucas Albe Veppo conseguiu identificar a suspeita.

Os investigadores ainda apuram o contexto das mensagens e consideram a possibilidade de que o perfil da jovem tenha sido acessado por outra pessoa. Ela foi ouvida e declarou não se recordar das postagens. No entanto, as informações coletadas até o momento indicam intenção de ofender a honra da delegada.

Um inquérito policial foi instaurado para apurar o caso. Se confirmada a autoria, a jovem poderá ser indiciada por crime contra a honra, com base na legislação penal. Outros usuários que teriam participado das ofensas também estão sendo investigados.

O episódio teve início na última quinta-feira (2), durante uma live transmitida pela página Folha de Dourados, em que a delegada Thays Bessa comentava detalhes de uma investigação de homicídio. No meio da transmissão, surgiram comentários com teor ofensivo e preconceituoso, atacando sua aparência e condição profissional.

Um dos comentários chegou a afirmar que a delegada “parecia uma empregada doméstica' e merecia ser tratada “como um cachorro'. A Associação dos Delegados de Polícia de Mato Grosso do Sul (Adepol-MS) classificou o ataque como injúria racial e anunciou a abertura de ações cíveis e criminais contra os autores das mensagens.

Em nota oficial, a Adepol-MS repudiou os ataques, chamando-os de “covardes e descabidos', e reforçou que não tolerará agressões contra delegados no exercício de suas funções. A entidade afirmou que continuará atuando para proteger a imagem e as prerrogativas de seus membros.

“Nenhum delegado está sozinho. A associação existe para defender a honra e a dignidade de todos os seus associados', destacou o comunicado.

Após a repercussão, o caso gerou ampla manifestação de apoio à delegada Thays Bessa nas redes sociais. O episódio também reacendeu o debate sobre discursos de ódio, racismo e misoginia na internet.

Desde a promulgação da Lei nº 14.532/2023, a injúria racial passou a ser equiparada ao crime de racismo, com pena de reclusão, reforçando a responsabilização de autores de ataques virtuais.